quinta-feira, 29 de março de 2012

AEROPORTO DE MOSSORÓ E A CONSTRUÇÃO CIVIL

AEROPORTO DE MOSSORÓ E CONSTRUÇÃO CIVIL: Um comentário necessário.




Recomenda as boas práticas urbanísticas que uma cidade possua um Plano Diretor. O plano deve zelar pelo zoneamento urbano estabelecendo e disciplinando áreas de uso do solo urbano. Um aeroporto, que deve distar no máximo 45 minutos da sua zona de influência, deve ser contemplado com estudos, mapas e plantas, que indiquem as interferências e impactos que possa causar no restante de malha urbana. Em Mossoró isto não foi feito. Ou melhor, não foi feito pelo poder público, pois há mais de 10 anos fizemos todos os estudos do Cone de Aproximação do aeroporto de Mossoró. Tenho ainda os desenhos.



Os responsáveis pela administração do aeroporto também falharam ao não exigir da municipalidade uma posição sobre o assunto, ou por não informarem aos investidores os riscos ao se investir em determinadas áreas de contrôle do tráfego aéreo.



Os empresários da construção civil falharam por não avaliarem corretamente os investimentos feitos na aquisição de terrenos próximo ao aeroporto. Por ignorância ou por despreparo. Talvez por oportunismo, ao adquirir terras por menores preços sem levar em conta outros fatores.



O lamentável é a postura de certos jornalistas, com conhecida influência como formadores de opinião, tratarem do assunto de uma forma como a maioria dos jornais e da imprensa do Brasil trata dos grandes problemas da nossa sociedade: colocando o interesse financeiro e de sobrevivência dos jornais à frente dos interesses maiores da sociedade.



Ora o Cone de Aproximação estabelece uma altura máxima de 45 metros (ou 15 andares) para as edificações, o que já é muito em termos de construção civil. Prédios acima de 10 andares, principalmente para habitação, é um absurdo, só possível em países onde empreiteiros inescrupulosos comandam a economia. Na Europa o máximo permitido é de 6 andares. Brasília tem todo o seu setor habitacional com prédios de 6 andares. Os prédios mais altos ficam para hotéis, empresas de um modo geral e edifícios comerciais. Quem quizer que compre ou more em lugares acima de 10 andares.



Sou arquiteto e vivo da construção civil. Entendo até as lamentações dos construtores de Mossoró, alguns meus conhecidos. Mas estão pagando o preço de sempre tentarem aumentar seus lucros em cima dos projetos e dos estudos de planejamento urbano. Em geral a parte de menor custo de uma obra: 5% (Eu disse cinco por cento). Agora estão tendo, como sempre acontece, prejuízos muito maiores por não planejarem, ou planejarem mal, os seus investimentos. Diante da concorrência intensa, não tem mais como repassar custos para os seus clientes de um modo geral. Várias empresas estrangeiras estão vindo para o Brasil em busca do nosso mercado imobiliário. O maior do mundo. O mais dinâmico e o único, ao lado de alguns países africanos que estão em plena atividade. A concorrência vai ser maior e com pessoal muito mais preparado e que já superaram em muito esta história de construir sem planejamento ou projetos. O difícil vai ser fazer outro aeroporto.






Ronald de Góes. Arquiteto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário